Eu já falei sobre o primo R diversas vezes aqui no Blog, tivemos grandes aventuras juntos, eu provi financiamento para as nossas aventuras e companhia honesta, ele proveu sua energia, entretenimento e diversão a todos os lugares que fomos, mas o tempo desgasta as relações humanas, e eu por experiencia e por assistir este filme muitas vezes, cheguei a conclusão sincera que é melhor encerrar as coisas por aqui.
Ele está cada vez mais inserido no mundo, dormindo com GPs, beijando dezenas de bocas estranhas, tomando insanas quantidades de álcool, chegando a um estado muito ruim toda sexta feira a noite na sua casa, ficando de maneira irreconhecível, sendo que abertamente diz que não tem dinheiro para estas investidas noturnas.
Tentei ser um bom amigo, mas tive alguns erros, nutri uma velada inveja pelo seu estilo de vida hedonista e mundano, que indiretamente deu um sinal verde para que continuasse nesta esteira destrutiva e promiscua, foi errado, eu deveria ter condenado tudo isso de prontidão e não fiz isso.
Outro erro que tive é de me abrir muito, disse a ele de muitas formas que o amo como se fosse um filho que não tive, e de certa forma me colocou numa posição de uma pessoa muito carente por amizades, e pode ser que o ego pode estar condicionando ele que talvez eu tenha uma hiper dependência na sua amizade.
Quando mencionei sobre o desgaste devido o tempo da amizade, é que comecei a notar um certo desrespeito, ressentimento pela minha questão financeira e profissional, algum "schadenfreude"* aqui e acolá dos infortúnios que vivo pontualmente, juntamente de um leve deboche.
*ato de dar risada das desgraças alheias
Assim que o primo L também se juntou a trupe, as coisas ficaram um pouco piores, L tem um estigma antigo de ser o "malandrão", de querer sair por cima, ser vingativo, maldoso e debochado.
Acredito que foi uma junção de pontos, mas o tempo acredito que seja o maior culpado, mas estou feliz de ter identificado os pontos antes de uma briga feia ou uma acusação maldosa.
Já tentei uma ruptura no passado, mas a nossa mente tende a ser seletiva e minimiza estas 'bolas foras' de comportamento alheio, mas escrevo este texto para marcar uma era, como um lembrete, de que a maioria das coisas como uma amizade chegam ao fim.
Foi muito bom por tudo que vivemos, mas está na hora de seguir em frente.
Eu gosto de fazer meus planos como é conhecido neste blog de maneira imediata, intempestiva e até mesmo um pouco irresponsável. Estava eu e o primo R, conversando e tratando como São Paulo estava numa onda de calor insuportável e estávamos até procurando piscinas públicas (coisa que é incomum na capital), e então voltamos a pensar em rafting na cidade de Brotas ou Socorro, ambas no interior de São Paulo.
Pensamos em Brotas que possuem corredeiras e cachoeiras de coloração transparente, mas a passagem de ônibus era mais cara (Brotas 109,00 e Socorro 66,00) e então escolhemos Socorro, que só parece que tem coloração mais barrenta, mas é só o fundo do rio, pois o Rio dos Peixes tem água transparente.
Decidimos então de maneira rápida, ir ao dia seguinte para a cidade de Socorro para andar de Rafting. Eu particularmente, não estou curtindo muitos programas 'soft' e por isso a ideia de um programa radical como Rafting me deixou empolgado.
Acordamos na madrugada de domingo, e quando estamos a caminho da rodoviária do tietê, já dentro de um Uber, o meu primo R confessa que está "virado", ou seja, não tinha dormido nada, um CHAD que sempre procura entretenimento na noite não importando quais seriam as consequências do dia seguinte.
Fomos de Uber até a estação de metrô mais próxima e depois chegamos no metrô Portuguesa-Tiete, entramos na rodoviária e fomos para Socorro que na verdade é só a terceira parada para o ônibus que vai em direção as Águas de Lindóia
Então depois de 3 horas de viagem, passando por Bragança Paulista e Pinhalzinho, chegamos a cidade de Socorro, que não tem muita coisa em volta, num sol de rachar a cuca, me lembrei automaticamente da cena no filme "Debi e Loide" onde eles estão andando no meio do nada, num sol de rachar numa estrada em Lincoln, Nebraska. Isso me fazia me dar muita risada na cabeça, lembrando daquela cena e o coro de "oh oh oh ooooh" (música Mmm mmm mmm da banda Crash Test Dummies). Já o primo R, não achava muita graça nisso, e demonstrava um certo desconforto em andar no sol.
Depois de andar um pouco, achamos alguns restaurantes próximos, e nos deparamos com um self-service a R$ 40,00 reais, o que eu achei muito salgado, e então saiu R$ 80,00 a qual paguei (eu cobri a viagem junto com R).
Depois de comer, descobrimos que a empresa Uber não funciona na cidade de socorro, ou seja você depende totalmente da frota taxista que cobra uma fortuna ou por meio de um aplicativo chamado 'Mov Socorro' que tem no máximo 5-10 motoristas para a cidade toda. Ali descobri que estávamos tão longe de casa que poderíamos casualmente passar em Minas Gerais, pois a cidade é fronteiriça da cidade de Munhoz-MG, isso me fascinou.
Depois de pagar um preço relativamente caro na Mov, chegamos ao lugar do rafting, com vistas incríveis e lindos de campos e mais campos verdes. Recebemos um pequeno treinamento para o rafting como "remar frente, ré, piso e segurar". Quando entramos no bote, parecia que estávamos numa cena do filme Anaconda, mas o dia estava lindo, parecia que estávamos navegando no rio amazonas e que a qualquer momento iriamos achar uma cobra, capivara ou um hipopótamo, mas nada apareceu além de verde e pedras de todos os tamanhos.
O Rafting em si, teve muita emoção, com muitas remadas num trajeto de 7 km, onde tivemos que remar muito e forte, levamos algumas porradas lindas da agua e o bote levou algumas porradas saudáveis também das pedras, todo o passeio foi agradável, num sol maravilhoso. Em algumas partes do trajeto, pudemos sair do bote e brincar na agua, seja boiando ou de pé, pois a profundidade era de 55 cm de altura, que era um pouquinho sorrateira devido a areia escorregadia no fundo do rio.
Depois de 1h30 de passeio, voltamos a base do acampamento e vestiário, tentei argumentar com o primo R que nunca é bom voltar por último em excursões ou passeios, pois os problemas sobram para os últimos (falando por experiencia própria), mas ele não me deu ouvidos. Dito e feito, quando voltamos e por último, descobrimos que todos os motoristas do aplicativo Mov não estavam mais trabalhando mais e nos vemos no meio do nada sem transporte para voltar a rodoviária da cidade.
Conversamos com os donos do programa de rafting e eles concordaram em nos dar uma "carona" de volta a rodoviária e que nos comprometeríamos em pagar a gasolina, bom o problema foi resolvido, mas se demorássemos um pouco mais, existiria o risco de vagarmos a noite no meio do nada, sem nenhum poste de energia elétrica, completamente largados no meio do nada. Mas sobrevivemos e voltamos a rodoviária, pegamos o nosso ônibus de volta e depois de 3 horas 30 minutos de viagem contando ônibus e metro, voltamos para casa, onde pude me gabar risonhamente que fomos "ali" em Minas Gerais e voltamos hahahaha.
Foi uma grande viagem, me diverti pra caramba, não sei se a minha amizade continuará próxima do primo R daqui a alguns anos, mas estou aproveitando hoje.
