sábado, 22 de agosto de 2015

A geração do ‘Era Só Um Balão’



A geração do ‘Era Só Um Balão’



Desde crianca tenho essa fome de querer não ser só mais um balao,muitos dizem que é so um jovem idealista que vai sucumbir ao tempo,eu nao vou,nao posso e nao quero.
Segue a materia do Gilberto mostrando um reflexo que eu não quero.
Decepção é aquilo que você tem quando enxerga uma luz qualquer no céu e jura, jura, que desta vez você viu um disco voador.  Você liga a câmera do celular, tenta registrar o momento histórico, fazer contato com os aliens e pronto: se dá conta que era só um balão.
Esquece geração X, Y, Z ou Coca-Cola. Nada a ver. Somos representantes legítimos da geração do “era só um balão”.
Você entra na vida adulta, arruma um emprego, se enche de esperanças profissionais e, veja só, era só um balão. Você se apaixona, idealiza aquele amor romântico meio besta, imagina-se correspondido, sai uma ou duas vezes e, poxa, era só um balão. Você entra na lanchonete atraído pela foto do hambúrguer mais vistoso que já viu na vida, faz o pedido com água na boca, mas, advinha só, quando o lanche chega na sua mesa ele também era só um balão.
Você acredita que o financiamento do apartamento vai caber direitinho no seu orçamento, o corretor, o moço do banco e até o seu reflexo no espelho disseram que dava. Depois de 8 meses você percebe cabisbaixo que, sim, era só um balão. Você tem milhas, milhas pra dar e vender, com elas, tem certeza, vai conhecer a Europa toda. Ah, tá, de acordo com a companhia aérea, o tanto de milhas que você possuí era só um balão e, malemá, vai dar pra você chegar em Salvador.
Você acredita que o governo que você ajudou a eleger vai colocar o País nos trilhos, transformar a vida das pessoas e coisa e tal, só que depois de alguns anos, da divulgação do lucro anual dos bancos, você percebe, cheio de cinismo, que era só um balão. Daí, sentindo-se traído, você vai às ruas, quer mudar as coisas que estão aí, e quando as coisas que estão aí mudam, você olha pro céu e percebe que tanta sede de mudança era só um balão.
Recebi a notícia de um conhecido, do tempo de escola, mais novo do que eu, que teria se suicidado. Fiquei abatido, pensamento fixo em como alguém decide, decreta e executa o fim da própria vida. Quantas vezes uma pessoa pode respirar e repetir para ela mesma que “era só um balão”? Quantas vezes pode entender que era só um balão sem que isso tire dela a esperança no dia seguinte, na próxima luz diferente no céu, no próximo trabalho, amor, hambúrguer vistoso, plano de milhas ou governo?
Não sei. Queria tirar da cartola uma lição qualquer, queria que fosse um texto útil, que ajudasse alguém, que tivesse uma mensagem, a porra de uma mensagem pra ser compartilhada entre leitores e amigos, que soasse como o Pedro Bial falando sobre protetor solar ou como aqueles textos de gente que largou o emprego e foi conhecer o mundo sem gastar muito dinheiro.
Mas, desculpem-me, eu também sou só um balão.    

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